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Com novo álbum nas pistas, Jotapê fala sobre legado nas batalhas de rima

Com novo álbum nas pistas, Jotapê fala sobre legado nas batalhas de rima

Álbum produzido por Papatinho tem Emicida como mentor

Jotapê lança 'Até A Última Rima'

Jotapê vive uma nova fase na sua carreira com a estreia do seu álbum, “Até a Última Rima”.

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Em entrevista a Billboard Brasil, ele contou que não existiu um planejamento minucioso para o projeto, mas que a colaboração com o produtor Papatinho foi o que desencadeou a ideia.

“Eu acho que não existe o momento certo, assim, sabe, para as coisas,” ele explicou. “Eu acho que ele é um pouco irreal às vezes. Eu acho que essas coisas, elas agem naturalmente, assim, sabe? Tudo conspira para que isso aconteça”.

Ainda que já tivesse ideias para um primeiro álbum, o conceito que se consolidou após o convite de Papatinho acabou sendo completamente diferente. Jotapê, que já tinha uma história sólida nas batalhas de rima, sabia do peso que um disco de estreia carregaria. “Eu tinha a noção também que um álbum, ele estrutura muito a carreira de qualquer artista, né? Acho que é um ‘boas-vindas’, assim. Ainda mais um primeiro álbum”.

Referências de MPB e a Conexão com Emicida

Jotapê buscou inspiração em diversas vertentes para compor o álbum. Ele conta que escutou muito MPB, citando Oswaldo Montenegro, Pepeu Gomes, Djavan e Elis Regina como grandes referências.

No rap, as inspirações técnicas vieram de nomes como Amiri, que o inspirou na “lírica… nas técnicas, nas multissilábica”, e Kendrick Lamar, que ele ouviu “mais do que nunca”.

A conexão com Emicida foi um ponto de validação. JotaPê, que o considera o “herói de um movimento,” conversou com o rapper sobre sua volta às batalhas e a importância da cena. Emicida, que também sente falta da rua, disse a JotaPê que o álbum o obrigou a “voltar a escrever”, o que foi um reconhecimento da qualidade do trabalho. “Isso é maneiro, é esse lugar, tá ligado? Eu acho que esse lugar, assim, tipo: ‘É, mano, nós precisa de você'”.

O álbum, dessa forma, se torna um marco que une o passado das batalhas com o futuro da música, onde JotaPê celebra suas raízes com uma produção e visão de mundo amadurecidas.

Jotapê e o legado das batalhas

Para Jotapê, a experiência nas batalhas de rima é inseparável de sua identidade artística. Questionado sobre a transição para o mercado mainstream, ele polemizou: “Eu acho que um dos grandes erros de boa parte dos rappers… era sair das batalhas“. Ele argumenta que hoje o MC de batalha vive uma outra realidade, onde é possível viver da arte de rimar no momento.

O rapper explica que o erro está em abandonar a comunidade. “Porque na batalha você constrói uma comunidade, sabe, mano? Você constrói, tipo, um legado“. Embora reconheça que a transição seja difícil — pois a batalha carrega um peso “cultural, racial, sociocultural” que é diferente do estúdio —, ele não se vê fora da cena de rua no sentido de presença. “Eu não quero competir para sempre, eu acho, porque é bastante desgastante para o mental… mas eu não me vejo fora das batalhas no sentido, tipo assim: ‘Mano, tem batalha na minha quebrada até hoje aqui.’ Não custa nada eu separar uma terça-feirazinha do meu mês e colar lá e dar um salve”.

Ele vê esse compromisso como uma “dívida de gratidão” com as batalhas, que foi o primeiro lugar que ele, e outros rappers como Emicida, sentiram-se em casa.

Adrenalina do freestyle vs. Espetáculo no palco

Ao comparar a ansiedade de uma batalha de rima com a de apresentar o álbum, Jotapê revela que a rua o “anestesiou” para muitas coisas na vida. “Eu acho que nas batalhas eu vivo um dos maiores picos de adrenalina que alguém pode viver”. Ele diz que na batalha “você sai de casa sem saber o que vai falar, muito menos o que vai ouvir” e uma palavra errada pode “mudar sua vida ou acabar com a sua carreira”.

Já no show, a ansiedade é diferente. Como o espetáculo é ensaiado, o medo é menor. “Eu acho que eu fico mais ansioso para mostrar [o álbum], e eu quero muito ver como eles vão receber o que eu pensei aqui”. O palco, no entanto, permite que ele extravase a tensão e seja ele mesmo. Seu objetivo com a turnê do álbum é criar um espetáculo teatral e cinematográfico.

O rapper afirma que o álbum lhe deu a possibilidade de fazer mais do que cantar: “É mais do que subir e cantar as músicas. Eu posso literalmente fazer o que eu quiser aqui, mano.”. O espetáculo já inclui referências visuais do filme “Pecadores” e coreografias que misturam o freestyle com o ensaiado.

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