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Guilherme Arantes: veja discos fundamentais do ícone da MPB

Guilherme Arantes: veja discos fundamentais do ícone da MPB

Hoje é aniversário de Guilherme Arantes, o 'Elton John brasileiro'

Guilherme Arantes (Reprodução Instagram)

Quando Guilherme Arantes surgiu na trilha de “Anjo Mau”, novela da Rede Globo exibida em 1976, ele foi comparado ao cantor, pianista e compositor inglês Elton John.

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É uma acareação compreensível, visto que ambos são cantautores talentosos e muitas das melodias que eles criaram –e criam– têm como temas dores do coração ou da alma. Guilherme, contudo, é muito mais do que um artista inspirado na música de Elton John. O seu cancioneiro abrange do rock progressivo ao pop, da bossa nova ao rock, da música eletrônica ao jazz.

Guilherme completa hoje 73 anos e trabalha arduamente num novo trabalho, que deve sair em 2026 –ano em que comemora também 50 anos de carreira. Mas a música sempre esteve presente na sua vida. Ele tinha cinco anos quando começou a tocar cavaquinho e seis quando iniciou seus estudos de piano.

Durante a adolescência, formou o grupo Polissonantes. Em 1971, criou o Moto Perpétuo, quinteto que combinava o rock progressivo de Yes, Emerson Lake & Palmer com o Clube da Esquina. O Moto Perpétuo, cujo único disco foi lançado em 1974, tinha em sua formação Guilherme, o baixista Diogenes Burani, o guitarrista Egydio Conde, o violonista e violoncelista Claudio Lucci e o baixista Gerson Tatini. O único álbum do quinteto é uma pequena obra-prima, uma aula de virtuosismo, acompanhada pelas melhores canções do gênero progressivo. A banda terminou quando Diógenes e Egydio se recusaram a participar de um programa de televisão. Guilherme então registrou algumas canções de sua própria lavra num estúdio e saiu em busca de uma gravadora.

Certo dia, ele adentrou no escritório de Otávio Augusto Cardoso (1953-2023), com uma fita demo contendo, entre outras canções, “Meu Mundo e Nada Mais”. A música entrou em “Anjo Mau” e foi o ponto de partida para uma discografia constituída por 23 álbuns de estúdio, 4 ao vivo e nada menos que 43 compilações. E aqui, damos um guia básico para apreciarmos a obra do cantor, compositor e pianista paulistano.

GUILHERME ARANTES (1976)

O disco de estreia do cantor e compositor paulistano é um retrato de sua versatilidade. Aqui, faixas inspiradas no bucolismo do Clube da Esquina (“Descer a Serra”) estão ao lado de músicas que se assemelham ao rock progressivo (“Nave Errante”, “Pégaso Azul”) e baladas agridoces (“Cuide-se Bem”, “Meu Mundo e Nada Mais”) e o delicioso rock “A Cidade e a Neblina”. Uma curiosidade: os músicos de apoio mais tarde formariam um grupo conhecido como Roupa Nova.

CORAÇÃO PAULISTA (1980)

É um trabalho mais roqueiro de Guilherme, a começar pela faixa-título –que traz os vocais de apoio de Arnaldo Baptista, ex-Mutantes, e guitarra de Luiz Carlini, do Tutti Frutti. Há vários destaques como “A Noite”, uma MPB sofisticada, e “Fantoches”, que fazia alusão aos dedos-duros do governo (estávamos ainda no regime militar). “Brasília”, que tem participação do grupo vocal Boca Livre, é outro destaque. A qualidade das músicas desse álbum fez com que Elis Regina pedisse canções ao jovem Guilherme –entre elas “Vivendo e Aprendendo a Jogar” e “Só Deus é quem Sabe”. 

DESPERTAR (1985)

É o primeiro disco de ouro de sua carreira, com mais de 150.000 cópias vendidas. “Despertar” marca uma aproximação do ascendente rock brasileiro, em canções que brincam com ritmos eletrônicos – “Olhos Vermelhos”, por exemplo– e algumas das músicas mais pop de sua trajetória. “Cheia de Charme”, “Fã Número 1” e “Brincar de Viver” (gravada também por Maria Bethânia) são alguns dos destaques.

PIANO SOLOS (2000)

Este disco instrumental rendeu a Guilherme Arantes a honra de figurar no Roster of Steinway Artists (uma espécie de panteão de estrelas da fábrica de piano) e uma apresentação em Nova York, onde tocou no mesmo piano do lendário Vladimir Horowitz. É um trabalho instrumental, no qual o pianista e compositor desfila suas composições de influência erudita. Mal recebido à época de seu lançamento –afinal, todos esperavam outra coleção de clássicos pop– é uma das obras mais lindas e sofisticadas do repertório de Guilherme.

A DESORDEM DOS TEMPLÁRIOS (2021)

O mais recente disco de estúdio de Guilherme Arantes foi gravado na cidade espanhola de  Ávila, para onde o compositor se mudou em 2021. Há canções de clara inspiração barroca (caso de “El Rastro”, a faixa de abertura) a “Nenhum Sinal de Sol”, composição de clima medieval. Uma curiosidade: “A Cordilheira” teve como inspiração uma canção de Adele (que ele não se lembra). “Estrela-Mãe”, com arranjos de cordas do maestro Arthur Verocai, é uma homenagem à mãe de Guilherme.

E o próprio Guilherme recomenda…

ROMANCES MODERNOS (1990)

Uma reunião de ótimas qualidades do cantor, pianista e compositor. Um pop adulto, com músicas que podem denotar a influência da bossa nova ou do blues.

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