Com raízes no rock alternativo e um lugar consolidado entre os nomes mais autênticos do pop rock e do indie sul-coreano, a banda The Rose desembarca no Brasil pela quarta vez, onde cultiva uma base de fãs fiel e apaixonada. Com todos os ingressos vendidos, o grupo se apresenta em São Paulo no dia 8 de agosto como parte da turnê mundial “Once Upon A WRLD”.
[Correção: a banda veio ao Brasil três vezes, em 2018, 2022 e 2023, e não duas conforme publicado anteriormente].
Formado por Woosung (vocal e guitarra), Dojoon (vocal e teclado), Taegyeom (baixo) e Hajoon (bateria), o quarteto se destaca por composições autorais marcadas por lirismo e intensidade emocional. Suas músicas falam da dor e da beleza do amadurecimento, com letras que abraçam vulnerabilidades. O nome The Rose simboliza exatamente esse contraste: a delicadeza da flor e a força de seus espinhos. Mais do que entreter, o grupo busca oferecer conforto – um propósito que surgiu de forma espontânea ao longo de quase uma década de estrada.
“Nós quatro crescemos ouvindo música quando queríamos nos curar”, diz Dojoon em entrevista para a capa digital da Billboard Brasil. “Quando olhamos para trás, percebemos o motivo de fazermos música. Nós meio que viramos ferramentas, mensageiros ou simplesmente um método para [curar] outras pessoas. Isso aconteceu naturalmente. Nos últimos oito anos, nossos fãs sentiram isso. Se criou um conforto, um lar.”
“Queremos proporcionar uma experiência através da música onde não importa quem sou. Somos apenas mensageiros. Tentamos fazer com que nossos ouvintes entendam que não somos diferentes ou mais especiais [do que outras pessoas]. Estamos passando por essa vida pela primeira vez como qualquer um”, acrescenta Woosung. A dupla atua como porta-voz do grupo durante a entrevista, canalizando as respostas que estão em sincronia com Taegyeom e Hajoon.
O quarteto se conheceu em 2016 e começou a fazer apresentações nas ruas de Seul, capital da Coreia do Sul. Assinaram com uma gravadora e o primeiro single foi lançado no ano seguinte. “Sorry” rendeu à banda o prêmio de Artista Revelação da Billboard e apresentou o The Rose para o público mainstream. Nos anos seguintes, eles se destacaram lançando mini-álbuns e singles populares – como a animada “Red” e a melancólica “She’s In The Rain”. Os primeiros anos de carreira foram marcados por um crescimento constante, até que a pandemia de Covid-19 impôs uma pausa forçada no início de 2020. Na mesma época, a banda se tornou independente.
“Nós começamos a banda quando tínhamos 25 anos. Muitos artistas coreanos debutam ainda jovens na música e têm sucesso nessa idade. Nós meio que começamos ‘tarde’. Foi uma construção ao longo do tempo. Lentamente, mas com segurança, estamos nos adaptando às turnês e ao número de fãs. Estamos indo devagar. Mas talvez porque seja devagar para justamente absorver esse propósito de vida e a beleza deste trabalho”, explica Woosung. “Se não compartilharmos experiências e amor, ninguém quer ter sucesso. No final, queremos dividir as conquistas com alguém. E a música é uma ótima maneira de nos conectarmos.”

Incertos da volta aos palcos devido à pandemia, três dos integrantes se alistaram no exército sul-coreano para cumprir o serviço militar obrigatório. Woosung, dispensado do alistamento por ter cidadania norte-americana, aproveitou o intervalo para se dedicar à carreira solo. O reencontro do grupo aconteceu em outubro de 2022, com o lançamento do álbum “HEAL” (do verbo curar). O trabalho marcou não apenas o retorno da banda aos palcos, mas também o início de uma nova fase criativa para o The Rose. “Queríamos experimentar novos sons e ter outros compositores no time. Depois, voltamos às raízes”, diz Dojoon.
No ano seguinte, “DUAL” chegou às plataformas de streaming, expandindo a sonoridade da banda e explorando os contrastes entre luz e sombra tanto nas letras quanto nos arranjos. O disco estreou na Billboard 200 em 83º lugar e colocou o quarteto na lista dos 100 artistas mais populares, em 33ª posição.
Nos últimos dois anos, o The Rose esteve nos palcos dos principais festivais de música no mundo. Em março de 2023, se apresentaram no Lollapalooza Brasil, em São Paulo. Em 2024, eles estiveram no line-up do Coachella (Estados Unidos), Montreux Jazz Festival (Suíça) e BST Hyde Park (Inglaterra).
Após a série de shows, o grupo lançou, em maio deste ano, o álbum “WRLD”. Segundo os artistas, o projeto é um dos trabalhos mais pessoais da discografia. “Queríamos músicas que fossem fáceis de ouvir, que fosse confortável para os fãs. Sinto que nós queríamos ser amigos com esse álbum”, explica Dojoon. “[Antes] nos esforçamos o máximo possível para ir com tudo, ir grande, mas chegou o momento de fazer o contrário. Não no sentido de dar passos para trás, mas de deixar as coisas irem embora [de desapegar]”.
Woosung acrescenta: “Esse disco é muito pessoal. Normalmente, quando escrevemos um álbum, tentamos pensar mais nos ouvintes, mas, honestamente, para este projeto, acho que estávamos pensando mais em nós mesmos [em termos de sonoridade]”. As escolhas pessoais se refletem em faixas como “Nebula” e “Nevermind”, com claras inspirações em bandas dos anos 1980 e 1990, como U2 e Oasis.
Ouça ‘WRLD’, do The Rose
Dojoon também reflete sobre o contraste entre o palco e a vida pessoal. Para ele, não há diferença entre a pessoa que se apresenta e aquela que existe fora dos holofotes. É essa naturalidade que mantém o grupo com os pés no chão.
“A versão de nós no palco é a mesma de quando estamos fora dele. Nós só queremos fazer o nosso melhor para transmitir a música da forma mais intensa possível e, assim que o show termina, voltamos a ser quem somos. Não somos tão diferentes de outras pessoas. Isso é algo que nos mantém com os pés no chão.”
Na contagem regressiva para voltar ao Brasil, os integrantes recordam a recepção calorosa do público durante o Lollapalooza em São Paulo, há dois anos. A lembrança é especial para Dojoon, que descreve aquele momento como um dos mais marcantes da carreira.
“São as melhores memórias”, descreve Dojoon. “Em alguns momentos, nós nem conseguíamos nos ouvir. Fizemos a passagem de som, estava tudo tranquilo. Eu ouvia os instrumentos, os outros membros, a contagem no ponto. No show, não dava para ouvir nada. Todo mundo cantava muito alto. Nos apresentamos durante o pôr do sol e foi lindo. Nossas interações com os fãs, o vento, a maneira que o sol estava se pondo… Tudo foi perfeito. Não temos tantas oportunidades para ir ao Brasil, porque moramos longe. Mas damos nosso melhor para ter esses momentos sempre que vamos aí. Queremos continuar construindo essa relação.”
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