Como a festa ¡SÚBETE! se tornou um refúgio para os fãs de reggaeton? Entenda
Com direito a bonde do metrô, a comunidade acolhe quem quer curtir um bom perreo
Normalmente, aquele que gosta de música latina é o patinho feio do grupo — quem fica longe da playlist da festa ou recebe olhares estranhos quando pede sua música favorita. Mas já pensou encontrar um lugar onde ninguém julga seu gosto musical e, melhor ainda, te abraça e celebra o mesmo som que você?
A ¡SÚBETE!, assim como outras festas de reggaeton espalhadas pelo Brasil, se tornou esse lugar. No entanto, essa festa, em específico, tem algo a mais. A comunidade une os apaixonados por ritmos hispânicos. Com direito a grupos no WhatsApp que, juntando apenas 2 dos 12, reúnem mais de 1.200 reggaetoneros — e até um bonde do metrô para ninguém ficar sozinho.
Neste sábado (19), ela comemora 6 anos e, para celebrar este marco, haverá uma edição especial no Hotel Prince Tower, em São Paulo, a partir das 21h.
Fundada em 2019 pelo jornalista e produtor de eventos Rafael Takano, a festa começou pequena, adaptou-se à realidade da pandemia com edições online e, no pós-pandemia, passou a realizar edições esgotadas em locais para mais de 1.000 pessoas.
Comunidade e bonde do metrô
Com o crescimento da festa, graças às redes sociais, especialmente pelo WhatsApp e TikTok, os frequentadores fiéis se uniram para criar um ponto de acolhimento, unindo quem era recente no movimento e quem estava sozinho.
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A professora Aline Rodrigues, 34, que acompanha a ¡SÚBETE! desde 2021, teve uma iniciativa que começou de maneira despretensiosa e, depois, se tornou o “bonde do metrô”.
“Percebi que a maioria da galera ia de metrô e pensei: se todos vão de metrô, por que não se reunir? Eu entrei em dois grupos e comecei um movimento: ‘Eu saio da Vila Sônia, vamos nos encontrar na estação mais próxima?’. A gente não se conhecia pessoalmente, só pelo grupo — a minoria tinha foto. Então resolvi fazer uma placa”, contou ela em entrevista à Billboard Brasil.
Aline e seu namorado fizeram juntos a plaquinha que se transformou em uma bandeira. “Assim surgiu o bonde e, quando eu não ia, mandava no grupo: ‘Pessoal, guardem o celular, tomem cuidado.’ E eu fiquei conhecida como a mamis.”
Quem também colaborou com a formação do bonde do metrô foi a pedagoga Danielle Jorge, 35. “Quando penso no bonde do metrô, me vem o sentimento de pertencimento. Você olha para o lado e percebe que não é a única pessoa gostando de um gênero musical que, até então, não é tão disseminado”, pontua.
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“Quem não tinha segurança para ir à festa vai descobrindo amigos antes no grupo do WhatsApp e, mesmo sem ver pessoalmente, vai criando uma afinidade. E, quando vocês se encontram para ir à festa, é como se fosse mágico”, ressalta Danielle.
As iniciativas ajudaram os fãs de música latina a fazer amizades, mas também a encontrar lugares para escutar suas músicas favoritas além dos fones de ouvido e seus quartos. Foi por meio das redes que a analista de departamento pessoal Josélia Borges, 32, encontrou a ¡SÚBETE! e, sempre que possível, sai do interior paulista rumo à capital para ir à festa.
“Eu conheci o reggaeton quando tinha meus 15 anos, por meio da música ‘Lento’ do RBD. Quando eu escutei, comecei a buscar outros artistas do gênero, e foi uma paixão que perdura até hoje”, conta ela. “Com isso, vieram outras paixões pela cultura latino-americana, pela língua e tudo que tem a ver com esse universo.”
“Sempre que posso, faço de tudo para ir a São Paulo e viver a ¡SÚBETE!. Porque ela não é só uma festa, é uma experiência.”
Uma prova dessa experiência citada por Josélia é o fato de a festa ter feito história no Carnaval deste ano, ao promover o primeiro bloco inteiramente de reggaeton do Carnaval de rua paulista. Segundo dados da SP Turismo, aproximadamente 6 mil pessoas acompanharam o trajeto.
