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Quem é o revolucionário do musical que dá nova vida aos temas da Disney

Quem é o revolucionário do musical que dá nova vida aos temas da Disney

Lin-Manuel Miranda é autor das canções vibrantes de "Mufasa: O Rei Leão"

“O Rei Leão” é um dos maiores sucessos da história recente da Disney. Desde que foi lançado nos cinemas, em 1994, ele arrecadou nada menos que 763 milhões de dólares no mundo inteiro. Muito de seu sucesso se deve à trama, levemente inspirada em “Hamlet”, do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616).

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Outro motivo do enorme sucesso está na trilha sonora, que traz canções autorais de Elton John, letras de Tim Rice (responsável por sucessos de musicais como “Jesus Cristo Superstar”) e temas instrumentais de Hans Zimmer, além da participação do cantor e produtor africano Lebo M (sabem aqueles vocais que a gente sempre gosta de repetir? Tudo de Lebo M.). “O Rei Leão” ganhou o Oscar de melhor trilha sonora, para Zimmer, e melhor canção para Elton e Rice por causa da balada “Can You Feel the Love Tonight”.

“Mufasa: O Rei Leão”, a mais nova produção da franquia, que está em cartaz no mundo inteiro desde dezembro, tem a responsabilidade de manter o alto padrão das trilhas sonoras da Disney. Para tanto, foi recrutado um dos maiores compositores de musicais da atualidade –o nova-iorquino Lin-Manuel Miranda.

O cantor, rapper, compositor e produtor de 44 é um velho conhecido do público da Disney, tendo colaborado nas trilhas de “Moana”, “O Retorno de Mary Poppins” e na versão live action de “A Pequena Sereia”. Mas é no universo dos musicais, contudo, que tem deixado a sua marca. O currículo de Miranda inclui “In the Heights” e “Bring it On”, que trouxeram para a Broadway temas da música latina (ele é descendente de porto-riquenhos) e rap. O gênero americano seria ainda o ponto de partida de um dos mais fenômenos da história recente do teatro musical americano – “Hamilton“, de 2015, que conta a história de um importante personagem da história política dos Estados Unidos. “Quando eu li a biografia dele, pensei que renderia um musical fantástico”, diz Miranda, em entrevista exclusiva à Billboard Brasil.

O compositor trabalhou ainda com dois ícones da história dos musicais do século XX. Com Stephen Sondheim (1930-2021), ele adaptou para a língua hispânica as letras do clássico “West Side Story“, de 1957. “Ele queria conversar sobre tudo, menos sobre o musical”, diverte-se. “Mas serei sempre grato a Sondheim pelas dicas preciosas que deu no ramo da composição”, confessa.

Outro grande professor em sua carreira foi Jonathan Larson (1960-1996), autor de “Rent”, espetáculo que trouxe a linguagem moderna do pop para os palcos. Miranda trabalhou na adaptação de “Tick, Tick… Boom!”, peça inédita de Larson, que foi produzida pela Netflix. “Disse aos executivos que era a única pessoa que poderia produzir esse show”, orgulha-se Miranda. “‘Rent’ faz parte da minha formação musical e me identifiquei com a luta dos personagens”, completa (nota do redator: “Rent” se passa em Nova York, na virada do milênio, e os protagonistas do espetáculo se vêem às voltas com o dinheiro do aluguel enquanto tentam tocar suas carreiras no mundo das artes).

As canções de “Mufasa: O Rei Leão” tiveram o reforço dos filhos de Miranda. “Eles são totalmente fãs desse universo e foram meus grandes críticos”, diz o compositor. “Procurei manter o clima original, além de ter me inspirado no universo gospel americano e nas baladas das produções da Disney dos anos 1990.” O ecletismo valeu a pena: canções como “I Always Wanted a Brother” e “Bye Bye” estão entre as prediletas de Francisco e Sebastian, filho do autor. “Mufasa” faz um belo equilíbrio entre a influência africana (Lebo M, do primeiro “Rei Leão”, está de volta”, com a imponência que só o passado musical de Miranda pode dar. 

O compositor pretende retomar o posto de novo rei da Broadway. Um de seus próximos projetos é a adaptação musical de “Warriors: Os Selvagens da Noite”, produção de 1979 que se tornou objeto de culto entre os fãs de cinema. A trilha sonora foi lançada em outubro, mas há planos de levá-la aos palcos. E aí fica a pergunta: “como adaptar o momento que o vilão do filme, armado de garrafas, chama a gangue rival para a briga?”. “Não dá para fazer melhor do que aquilo. Ela entrou exatamente como está no filme”, diz Miranda. Realmente, não há hoje um autor com a criatividade de Lin-Manuel.

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