Trilha de ‘Frankenstein’ na Netflix traz mistura de lirismo, paixão e loucura
Filme chegou na plataforma na sexta-feira (7)
Na última sexta-feira (7), “Frankenstein” chegou ao catálogo da Netflix sob direção de Guillermo del Toro. A obra é uma adaptação da clássica história de Mary Shelley sobre Victor Frankenstein, um cientista brilhante e egocêntrico que dá vida a um ser em um experimento monstruoso, que acaba levando à desgraça do criador e da criatura.
“Frankenstein” é a quarta parceria entre o compositor vencedor do Oscar Alexandre Desplat (de “A Forma da Água”, “O Grande Hotel Budapeste”) e del Toro, uma experiência que ele descreve como “um presente”.
“Guillermo está sempre aberto a experimentar. Alguns diretores têm medo da música por ser algo que chega no final, mas ele está sempre disposto a dar um toque musical ao roteiro”, elogia Desplat.
A abertura de del Toro também estimulou Desplat a experimentar. “Eu precisei me forçar a beber de outras fontes, explorar territórios emocionais que vão desde a intimidade e gentileza até a grandiosidade, a paixão, o lírico, a loucura, com instrumentos de cordas, órgãos e um coro com 80 pessoas. Tentei usar a música para expressar essa energia que Guillermo injeta no filme”, relata Desplat.
Desplat entrou para a equipe bem no início, lendo rascunhos do roteiro dois anos antes da produção começar de fato. Ainda nessa época, ele começou a trabalhar imediatamente na estética sonora.
Trailer de ‘Frankenstein’ da Netflix
Ele e sua equipe contaram com uma orquestra e um coro, órgãos de igreja e a violinista norueguesa Eldbjørg Hemsing, introduzindo ainda sons eletrônicos bem sutis em algumas ocasiões.
“Às vezes, eles dão alguma sobriedade à orquestra. A música é capaz de criar muitas nuances, muitas sensações, muitas emoções. Por exemplo, para criar profundidade de campo, basta usar uma orquestra maior em uma cena, e uma menor em outra cena”, explica o compositor.
Ao compor o tema de Victor Frankenstein, Desplat inspirou-se na jornada do personagem. Para isso, ele se perguntou quem ele é, de onde ele vem, e se baseou na nobreza da família do cientista, no amor que ele sente pela mãe e no ódio que sente pelo pai.
“Juntando tudo isso, chegamos a quem ele é como homem. Chegamos à origem dele. A partir disso, me apego à minha intuição, e a música nasce”, explica.
Ao confrontar as narrativas e os dois protagonistas, Desplat se viu diante do desafio de escolher entre os temas e motivos de Frankenstein e da Criatura. Contudo, ele diz que a trilha sonora de um filme não serve para marcar cada cena ou acontecimento.
“Para ser boa, a trilha sonora precisa encontrar a alma do filme e criar outra dimensão de sensações, poesia, espiritualidade. Essas dimensões se unem ao filme para amplificar as emoções”, conclui o compositor.









