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Show dos Jonas Brothers é marcado por nostalgia feminina e intervalo anticlimático

Show dos Jonas Brothers é marcado por nostalgia feminina e intervalo anticlimático

Banda norte-americana se apresentou nesta terça (16) em São Paulo

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A primeira música que ouvi uma fã cantarolar ao entrar no gramado do Allianz Parque, em São Paulo, para o show único dos Jonas Brothers, nesta terça-feira (16), não pertencia a banda norte-americana. E sim, “Just A Girl”, faixa lançada em 1995 pelo No Doubt, e que, nos últimos meses, conheceu uma nova geração ao se tornar tendência no Tik Tok. No aplicativo, uma imensidão de vídeos que dividem vivências assumidamente femininas elegeram a faixa como trilha sonora.

O clima da apresentação era exatamente esse. Em um verdadeiro desfile de camisetas que pareciam ter sido previamente planejadas e compradas para a ocasião, as estampas eram um show a parte, e mostravam brincadeiras sobre a obsessão nunca superada pelo trio de irmãos, que se tornaram gigantes em 2007. Algumas meninas usavam camisas com o rosto de Joe Jonas, de 34 anos, ou Nick Jonas, de 31 anos, estampados simulando um pôster de “procurado”, como mostrados em filmes de faroeste antigos. A imagem era acompanhada com uma frase: “Namorado perdido”. Em outro caso, um homem vestia uma camiseta com os dizeres “Estou aqui para apoiar a obsessão da minha noiva pelos Jonas Brothers”. A jovem, ao seu lado, complementou a brincadeira com a frase estampada: “Era para eu ter casado com um Jonas Brother”.

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No primeiro segmento do show, que contou com sucessos indiscutíveis como “SOS”, “Hold On”, e “When You Look Me In The Eyes”, era possível sentir os tapumes do Allianz Parque tremendo. Grupos de fãs se olhavam entre si durante as primeiras notas das músicas, e se equilibravam entre gritos de êxtase, e pulos que faziam seus pés irem para cima e para baixo de forma frenética. As jovens, que pareciam beirar em sua maioria entre os 20 até 35 anos estavam visivelmente nervosas, e a cada hit da época áurea da banda, era como se uma nova memória fosse desbloqueada. Talvez porque de fato estavam sendo. Com o auxílio dos já tradicionais vídeos que mostram gravações antigas dos cantores que saem em turnês que comemoram o seu legado, os Jonas Brothers apresentaram músicas de seus cinco álbuns, fazendo, mais uma vez, após turnês bem sucedidas de nomes como Taylor Swift e Rebelde,  com que a indústria de uma nostalgia majoritariamente feminina se mostrasse firme e mais forte do que nunca, obrigada.

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Taiz Dering/Billboard Brasil

No entanto, nem tudo são miçangas coloridas – essas que também apareceram aos montes no show dos irmãos como legado dessa série de shows focados no público feminino. Mesmo com uma banda afiadíssima, e uma série de sucessos que invocou cerca de 45 mil pessoas (segundo o próprio Nick Jonas) em uma espécie de catarse coletiva, alguns pontos fizeram com que a apresentação deixasse a desejar.  A primeira foi a aparente desanimação  do vocalista Joe Jonas durante boa parte do show, que parecia se apoiar muito em seus vocais poderosos e na pose de sex symbol de uma geração, enquanto seus irmãos, incluindo Kevin Jonas, de 36 anos, se esforçavam para interagir com o público, relembrar a última vinda da banda ao Brasil, há onze anos, e arranhar o português. A pose do cantor, no entanto, não parece ser pessoal com o público brasileiro. Em vídeos que circulam na internet, Joe aparece visivelmente desanimado em outros shows do grupo.

Além disso, um intervalo de dez minutos que pegou de surpresa fãs que não acompanhavam de perto outras apresentações recentes do grupo fez com que aquele mergulho em um tempo mais simples para os ali presentes fosse interrompido de forma abrupta. Após uma hora de show, o DJ Delease, que abre o show da banda, retornou ao palco e tentou manter o espírito do público tocando músicas como “Perna Bamba”, de Léo Santana, e “Musa do Verão”, de Marshmello e Luísa Sonza. Mesmo com mais uma bateria de sucessos no retorno da apresentação, a experiência dos fãs, que pareceram relevar a interrupção, provavelmente seguiria sendo mais emocionante e presente sem o intervalo, algo nada tradicional em apresentações pop de tal magnetude – e um tanto quanto anticlimático.

Além dos sucessos, os Jonas Brothers também apresentaram músicas de discos mais recentes, e menos populares, que mesmo sendo cantados apenas por seus fãs mais fieis, mostra a integridade musical e a expertise pop que fizeram os irmãos entrarem no mapa da música mundial. E, apesar de um defeito ou outro, é essa excelência musical e performática, que ao se encontrar com memórias de um passado mais simples, que só seria acessado através da música, é o que coroa o trio como um eterno (e pra lá de amado) fenômeno pelo planeta.

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