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Os bastidores da gravação do Sorriso Maroto no lendário estúdio da Abbey Road

Os bastidores da gravação do Sorriso Maroto no lendário estúdio da Abbey Road

Billboard Brasil conta em detalhes da gravação do grupo no reduto dos Beatles 

Sorriso Maroto durante visita a Londres para gravação na Abbey Road

No início de março deste ano, o Sorriso Maroto embarcou em uma das experiências mais marcantes de sua trajetória. A terceira edição do projeto “Sorriso Eu Gosto – No Pagode” não apenas celebrou o repertório do Fundo de Quintal, como também escreveu um novo capítulo na história do samba e do pagode ao ser registrada no Abbey Road, em Londres — o estúdio que se tornou mito pela relação com os Beatles e por ser palco de gravações de trilhas sonoras como “O Senhor dos Anéis” e “Star Wars”.

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Foi a primeira vez que o Abbey Road recebeu uma roda de samba, e o Sorriso entrou para a história como o primeiro grupo do gênero a gravar um projeto audiovisual dentro daquelas paredes lendárias. Um feito simbólico, mas também repleto de significados pessoais para os integrantes.

“Estamos cantando o maior grupo de samba e pagode de todos os tempos em um dos maiores estúdios de todos os tempos”, resume Bruno Cardoso, vocalista. “Isso torna, talvez, o maior projeto da nossa carreira. É como realizar muitos sonhos de uma só vez.”

A roda do Sorriso Maroto no coração de Londres

Se o Abbey Road é conhecido pela precisão técnica e pelo peso de sua história, o Sorriso fez questão de manter o espírito da roda de samba vivo. Nada de músicos isolados em cabines de gravação, cada um no seu “aquário”. A banda optou por gravar como faria no Brasil: todos juntos, lado a lado, trocando olhares, risadas e energia.

A escolha não foi apenas estética, mas também conceitual. Para os músicos, era importante que o samba fosse tratado com a mesma sofisticação sonora que outros gêneros já receberam no Abbey Road.

“Se hoje a gente tem condição de estar em um estúdio como esse, por que não usar toda a tecnologia a favor do nosso ritmo? Mostrar que o samba pode ter a melhor textura possível também é uma forma de respeito à nossa música”, completa Sergio Junior.

Sorriso Maroto no lendário estúdio da Abbey Road
Sorriso Maroto no lendário estúdio da Abbey Road (Divulgação)

Produção internacional, desafios e simbolismos

A gravação envolveu uma equipe multinacional e exigiu atenção aos detalhes. Como explica a produtora Angelina Trevisan, cada nuance cultural demandava cuidado. “Um projeto internacional traz complexidades que vão além da parte técnica. É lidar com regras de comportamento diferentes, com outras formas de trabalho. O grande desafio é fazer todos se sentirem incluídos. Mas, no fim, isso fortalece a produção, dá mais chão para que todos contribuam de forma verdadeira.”

A direção do projeto também buscou imprimir uma estética que valorizasse a grandiosidade do momento. “Toda a captação foi pensada de forma cinematográfica, com movimentos orgânicos, elegantes. Era preciso que a câmera traduzisse a emoção e a história por trás do que estávamos fazendo ali”, explica o diretor-geral Douglas Aguiar. “Não é só uma gravação. É simbólico: o Abbey Road já recebeu trilhas de filmes épicos e agora recebe o samba. Isso tem muito peso.”

Homenagem e legado

O repertório escolhido não poderia ser outro: músicas do Fundo de Quintal, grupo que moldou gerações e segue sendo referência maior do gênero. Para Bruno, a homenagem vai além de um gesto de reconhecimento. “É a melhor forma de reverenciar o Fundo de Quintal e sua importância. A gente está colocando o nome deles nesse cenário global, mostrando que o samba é tão universal quanto qualquer outro ritmo.”

Sorriso Maroto no lendário estúdio da Abbey Road
Sorriso Maroto no lendário estúdio da Abbey Road (Divulgação)

O resultado do encontro chega em 13 faixas, disponíveis nas plataformas digitais e no YouTube. Canções como “A Batucada dos Nossos Tantãs”, “Fada”, “Lucidez” e o clássico “O Show Tem Que Continuar” ganham nova vida dentro do estúdio inglês, mas sem perder a essência da batucada que nasceu nos quintais do Rio de Janeiro.

Entre o sonho e o futuro

Se a conquista é histórica, os integrantes do Sorriso não querem que ela seja única. “A gente espera ser o primeiro grupo de samba e pagode aqui, mas que muitos outros venham depois. Não se trata de validação, mas de expansão. O samba precisa ocupar o mundo”, defende Sergio.

No fim, o que ficou nos bastidores foi a sensação de que, por algumas horas, Londres se rendeu à cadência brasileira. O Abbey Road, acostumado a receber guitarras, orquestras e vozes de todos os cantos do mundo, abriu espaço para o tantã, o cavaquinho e a energia de uma roda de samba. E o Sorriso Maroto, com quase três décadas de estrada, deixou registrado que o popular também é grandioso, sofisticado e universal.

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