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Documentário mostra que Luiz Melodia era muito mais do que um artista “maldito”

Documentário mostra que Luiz Melodia era muito mais do que um artista “maldito”

"No Coração do Brasil" terá exibições especiais neste final de semana

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“Maldito” é um rótulo tão monstruoso quanto “MPB”. Se este último foi criado no final dos anos 1960 para classificar uma canção mais, digamos, sofisticada, o outro palavrão servia para rotular os intérpretes e os compositores que preferiam trabalhar por regras próprias ao invés de se submeterem às exigências das gravadoras. Por muito tempo, o carioca Luiz Melodia (1951-2017) foi acompanhado por esse epíteto. Criador de sucessos nas vozes de Gal Costa (“Pérola Negra”) e Maria Bethânia (“Estácio Holly Estácio”), ele tem uma discografia de poucos títulos diante da qualidade de seu trabalho. 

O documentário “Luiz Melodia –No Coração do Brasil” (Brasil, 2024), de Alessandra Dorgan, não apenas joga uma luz sobre os motivos desse cancelamento como apresenta a obra do autor para novas plateias. Narrado em primeira pessoa e com direção musical da jornalista Patricia Palumbo, ele mostra desde as origens do cantor, nascido e criado no Morro de São Paulo (no bairro do Estácio) até o sucesso de “Acústico ao Vivo”, de 1999.

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O gosto de Luiz Carlos dos Santos pela música vem do berço. Seu pai era o sambista Oswaldo Melodia, com quem Luiz aprendeu os primeiros acordes. A profissão de músico, contudo, não era de agrado da família, que preferia ver Luiz no emprego formal –um desejo que, felizmente, não foi atendido. Uma das características principais de sua obra é que ela agrega não apenas samba como também blues, soul e até iê-iê-iê. Foi essa sonoridade multifacetada que chamou a atenção do poeta Wally Salomão (1943-2003), que o apresentou para Gal Costa (1945-2022), que incluiu “Pérola Negra” no show “Fa-Tal”, de 1971. O aval de uma das principais intérpretes da música brasileira fez com que Melodia chamasse atenção das companhias de disco. Viram então lançamentos importantes como “Pérola Negra” (1973), “Maravilhas Contemporâneas” (1976) e “Nós”(1980). Os discos vieram acompanhados por um certo incômodo com a fama e com as ideias dos diretores das companhias de disco para sua carreira.

Uma das principais qualidades do documentário de Alessandra Dorgan é que ela dá voz a Melodia para contar sua trajetória. Estão ali desde o inconformismo com a falta de apoio familiar para sua escolha profissional como os embates que ele teve com as companhias –uma delas queria aproveitar o fato do cantor gravar um disco de sambas apenas pelo fato de vir do morro. Em outros momentos, ele é saudado pelos jornalistas que o entrevistam com nomes como “maldito”, “desempregado” e perguntas sobre o porquê de gravar tão pouco. O disco de ouro obtido pelo “Acústico ao Vivo” foi uma mostra de que valeu a pena ter vivido pelas próprias regras.

As cenas de arquivo são belíssimas. Entre os muitos pontos altos está a performance de “Ébano” ao lado da Banda Black Rio.

 

SERVIÇO

“Luiz Melodia –No Coração do Brasil”

Dia 13, às 20h30, na Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 27, São Paulo)

Dia 14, às 20h30, no Espaço Itaú de Cinema (Rua Augusta, 1475, São Paulo)

Dia 14, às 20h30, na Estação Net de Cinema (Rua Voluntários da Pátria, 88, Rio de Janeiro)

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
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