O Rock the Mountain abriu sua 15ª edição nesta sexta-feira (31) com uma programação que atravessou décadas e estilos, unindo da MPB a influências eletrônicas e do rap à potência política de uma leitura “Amefricana”.
Mesmo depois de chuva na região serrana do Rio, o público lotou o Parque de Itaipava em uma noite de reencontros e celebrações – marcada pelos shows de Don L, Evinha, L’Impératrice, Samuel Rosa e BaianaSystem.
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Veja 5 grandes momentos do 1º dia de Rock The Mountain
1 – Don L traz discurso e intensidade em show cinematográfico
Primeira atração do palco Floresta, Don L transformou o palco secundário em um manifesto visual e sonoro. No repertório de seu novo álbum, o destacado ‘Caro Vapor II – qual a forma de pagamento?’, o rapper cearense apresentou um espetáculo de narrativa política, estética refinada com energia brasileira, distante das batidas gringas e energia cinematográfica
Canções como “para Kendrick e Kanye” e “iMigrante” ganharam coreografias especiais. O público respondeu com atenção e vibração – um contraste raro em festivais.
“A gente tem que lembrar de todos que estavam lá desde os anos 1990, até o começo dos anos 2000, para chegar nessa geração agora que tá mantendo acesa a chama do rap, que é infinita”, disse à Billboard Brasil.

Veja a entrevista com Don L
2 – Evinha emociona com canções que atravessam gerações
Logo em seguida, Evinha transformou o palco Aurora em espaço para respiro de delicadeza. Com a banda familiar, formada pelo seu marido, o pianista Gerard Gambus, e seus sobrinhos, entre arranjos que equilibravam sutileza e densidade, a cantora revisitou as faixas de seus álbuns da década de 1970, como “Esperar Pra Ver” – sucesso no sample de BK em “Cacos de Vidro” – e “Que Bandeira”, composição de Marcos Valle, para um público que reverencia o momento único de redescoberta por uma nova geração de um talento nacional.
Mesmo após quase um ano do lançamento que bombou sua carreira, Evinha segue atônita: “Eu não esperava nada disso” – em entrevista à Billboard Brasil.

3 – L’Impératrice surpreende com elegância e groove francês
Entre o pop nacional e o peso dos graves brasileiros, a presença do grupo francês L’Impératrice foi uma das surpresas mais comentadas da noite. Com seu som sofisticado e visual retrô-futurista, o sexteto entregou um show que passeou pelo nu disco de seu álbum “Pulsar” (2024).
Antes mesmo de subir ao palco, em entrevista à Billboard Brasil, o pianista Hagni Gwon disse: “Escolhemos as melhores canções para dançar.” Abrindo a sequência de apresentações no Brasil, a vocalista Maud “Louve” Ferron trouxe carisma e fluidez para ganhar um público que experimentava o som, enquanto Charles de Boisseguin e sua banda construíam camadas de sintetizadores e guitarras com precisão quase coreográfica.
4 – Samuel Rosa revisita memórias e reativa afetos coletivos
Alternando entre hits do Skank, composições com o parceiro Nando Reis e canções mais recentes do álbum “Rosa”, o cantor e compositor mineiro Samuel Rosa conduziu uma apresentação de alto astral com o brilho de um repertório conhecido e repleto de hits, em clima de reencontro com a plateia carioca.

5 – BaianaSystem encerra em transe coletivo
Encerrando a primeira noite, o BaianaSystem levou o público ao delírio com “Lundu Rock Show” misto de espetáculo, concerto e manifesto político e cultural, que misturou graves, as tradicionais guitarras baianas e posicionamento.
Num Rio de Janeiro que segue digerindo os desdobramentos da megaoperação da Polícia Militar no Complexo do Alemão e Penha, Russo Passapusso foi firme em dizer:
“O Brasil está matando o Brasil”.
Em formação especial de Passapusso, Claudia Manzo e Roberto Barreto ganharam uma soma inestimável do brilho de uma banda de maioria feminina nos metais, na voz e na guitarra. As tradicionais rodas foram o suficiente para fazer o público mergulhar sem medo em focos de lama no gramado.
Entre fumaça de sinalizadores, projeções e interação com o público, Passapusso, em tantas falas, resumiu o espírito do show:
“Lute pelos seu direito de festejar.”






