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Aos 77 anos, baiana da Viradouro conta como escola de samba mudou sua vida

Aos 77 anos, baiana da Viradouro conta como escola de samba mudou sua vida

De 'mulher triste' para uma estrela da avenida, Dona Arina conta sua trajetória

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Do outro lado do telefone, Arina Siqueira Pereira, de 77 anos, atende a ligação pontualmente: ela usa seu cronometrado horário de almoço para conversar com a Billboard Brasil. “Trabalho em uma clínica. De noite, vou para a Viradouro. Meus chefes daqui, que são incríveis, adoram isso. Todos aqui são meus fãs”, conta ela, que estampa a capa suplemento dedicado ao Carnaval da Sapucaí da revista, que veio encartado na edição #6 da revista (como você pode ver nessa belíssima imagem aí de cima).

Natural de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, Arina não entrou cedo para o mundo das escolas de samba, como diversos membros das agremiações, que respiram o Carnaval desde a infância. Apesar de sempre ter gostado do gênero e de sua festa, e de ver seu ex-marido, que já morreu, sendo diretor de bateria de uma pequena escola local, foi só aos 50 anos que, ao lado das amigas, conheceu a quadra da Viradouro —e a paixão foi à primeira batucada.

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“Fui a um ensaio, e vi a ala das baianas. Aquelas mulheres tão felizes rodando… eu quis rodar também. Depois disso, pedi para entrar para a ala e nunca mais saí”, afirma. “Eu era uma mulher triste, que não ia para lugar nenhum. Não tinha conhecimento de nada. A Viradouro mudou minha vida. É a minha paixão. Agora tudo faz sentido.”

Hoje, há quase 30 anos na agremiação, Arina tem orgulho de revelar que nunca faltou um desfile da Viradouro. “Toda vez que eu entro na Marquês de Sapucaí, eu choro. Mesmo depois de tantos anos”, conta.

Arina já foi inspetora de escola, faxineira, e funcionária de uma fábrica de sardinhas, mas foi a dedicação ao Carnaval que a levou mais longe do que ela jamais teria imaginado. No Brasil, visitou desde os monumentos históricos do Rio de Janeiro, de Foz do Iguaçu até o Pantanal, que inspirou o samba-enredo do Carnaval de 1994, sobre Tereza de Benguela.

Além disso, se apresentou com a escola do coração em Mônaco, na França e na Argentina. “Tenho paixão pela Argentina. As pessoas ficam desesperadas quando nos veem lá. Se deixar, a gente fica até pelado”, diverte-se. “Eles gostam de ver nossas roupas, as camisas da Viradouro, queriam comprar para dizer que a Viradouro esteve lá. Onde nós vamos, todo mundo quer tirar foto da gente.”

Segundo a baiana, toda sua família “sempre foi pagodeira”. “Mas só eu gosto de Carnaval. Meu filho Tinoco, de 51 anos, tem um grupo de pagode. Minha filha Andreia, de 46 anos, gosta mais de churrasco”, brinca.

E, mesmo com quase 80 anos, Dona Arina faz questão de garantir: não pensa deixar a escola tão cedo: “Tudo que eu sou, eu agradeço a Viradouro. Virou a minha cabeça”.

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
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