ANNA e Vintage Culture evitam ‘bad trip’ de gringos no Tomorrowland Brasil 2025
B2B brasileiro sustentou vibe de rave no festival neste sábado (11), em Itu

músiA junção de ANNA e Vintage Culture tinha um prognóstico de ser um dos bons momentos deste sábado (11), segundo dia de Tomorrowland Brasil 2025. Assim se fez, sem surpresas —o que chamou a atenção para as atrações anteriores a este b2b.
Forte, constante, dançante e ruidoso, o set da dupla brasileira chamou a atenção não só pelas suas próprias qualidades, mas acabou destacando a fragilidade das apresentações da espanhola B Jones e do duo norueguês Da Tweekaz.
Gringos quase botaram tudo a perder no Tomorrowland Brasil 2025
Com muitas falas ao microfone e harmonização musical que constrastava com a decoração e vibe do público, as duas atrações internacionais acabaram esfriando o evento, tendo sido o alemão Kevin de Vries e o holandês Nicky Romero os únicos consensuais em termos de sintonia até ali.
Progressivos, ANNA e Vintage deixaram pouco espaço para farofa —aconteceu, sim, quando surgiu um remix clichê para “Kids”, da banda de electro-indie MGMT. Ainda assim, envolvida, a plateia não reclamou, mas foi um dos momentos mais pressão baixa de um bom set. Isso se repetiria mais à frente por conta de “Time To Pretend”, também do MGTM.
Mas o duo tinha tamborins e o repiques de “Magalenha” na manga. O hit eletrônico de Carlinhos Brown foi um dos momentos musicais mais interessantes de uma noite marcada por poucos ou nenhum arroubo mais pra frente —em dado momento, uma convenção de bateria de escola de samba ficou ressoando unicamente, sem intromissão de beats.
O melhor B2B tem nome: Anna e Vintage Culture POHAA
Que sonzeira! Que início de Set incrível
#Tomorrowland #TomorrowlandBrasil pic.twitter.com/Y2K1wM570E
— Ana Paula Martins (@Anamartiinss) October 12, 2025
Como nem tudo é perfeito, pela segunda vez na noite, ouviu-se “Samba de Janeiro” (presente no intragável set do Da Tweekaz). A canção é um equívoco, mas a forma apresentada acabou apagando essa má impressão: ANNA e Vintage deram ênfase aos instrumentos de percussão, em edit que fez o público ir ao delírio, em boas cena camp e cringe que poucas vezes presenciei dessa forma no festival —quando você pensava que aquilo estava durando tempo demais, vinha mais percussão, mais cuíca, e um pouco da sensação de incomodo passava.
Mas a verdade é que, no público, poucos estavam se coçando contra aquilo. Pelo contrário. Até porque o duo estava cumprindo com um dos pedidos do público: rave.
A sensação, no entanto, é de que uma dupla do tamanho de ANNA e Vintage Culture poderia ter sido menos clichê em algumas abordagens, em diversas horas faltou química para que viradas fossem um pouco mais trabalhadas (um exemplo foi a transição “Lost”, de Frank Ocean, para “Interstellar”, de Pontifexx).
Uma das mais celebradas músicas em cena acabou sendo, por exemplo, “Nothing Ever Changes”, do próprio Vintage Culture, tocada ali sem muita novidade. Além disso, a menção duplicada ao MGMT, “Samba de Janeiro” e a quantidade enorme de músicas com vocais fizeram por demais uma baixa na vibe em horário avançado do palco principal.
Mesmo assim, a dupla foi uma das mais aplaudidas da noite e, de quebra, reestabeleceu um clima mais soturno no festival e abriu caminho para que o sueco Axwell fizesse sua volta triunfal.