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‘Coringa 2’ se afasta ainda mais da fórmula de filmes de heróis

‘Coringa 2’ se afasta ainda mais da fórmula de filmes de heróis

Filme conta com Lady Gaga no papel de Harley Quinn

Cena de Coringa 2

A tão aguardada sequência de “Coringa” chega nos cinemas nesta quinta-feira (3), com a direção de Todd Phillips e o retorno de Joaquin Phoenix no papel principal. A novidade para a continuação é a chegada de Lady Gaga no elenco, interpretando Harley Quinn. Com a cantora, o universo cartunesco do vilão ganhou um musical dramático e um tanto quanto ousado.

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Assim como no primeiro filme, lançado em 2019 e aclamado pela crítica, “Coringa: Delírio a Dois” não se apoia na mitologia do universo do Batman, em que ele surgiu nas histórias em quadrinhos nos anos 1940. Além de Harvey Dent, o Duas-Caras, nenhum outro personagem é citado de forma direta no longa. O que, naquela época, já havia sido um diferencial em comparação com a ascensão dos filmes de personagens da DC e Marvel nos cinemas. Sem cenas pós-créditos ou aparições de um milhão de outros heróis ou vilões, o filme conseguiu se sustentar unicamente na história do próprio Coringa.

Com a sequência do filme, a fórmula segue a mesma. Se você vai ao cinema esperando grandes cenas de ação, planos mirabolantes criados pelo vilão favorito da galera –como o que acontece com o Coringa de Heath Ledger em “Batman: O Cavaleiro das Trevas”– pode dar a volta para casa. Joaquin Phoenix aparece magro, humilhado em uma cela minúscula no Asilo de Arkham, com acesso à luz do dia em poucos momentos. Ele aguarda, acuado em si mesmo, um júri para decidir se os crimes que cometeu foram frutos de uma dupla personalidade que Arthur Fleck criou depois de ter tido uma infância terrível.

Esse questionamento ultrapassa as telas e faz o telespectador se perguntar, de fato, se existem duas pessoas vivendo dentro do personagem: Arthur, um homem triste e castigado por uma sociedade sádica e Coringa, um criminoso sem escrúpulos e meio psicopata.

Enquanto a sociedade e a justiça se dividem em comprar essa ideia ou não, ele conhece Harley, uma mulher que se apaixonou pela história do homem que teve a coragem de cometer um assassinato em TV aberta. Ele se apaixona de volta, como se sua loucura combinasse com a dela.

A parte musical do filme aparece enquanto ele mesmo luta para entender essas nuances de sua própria existência. As músicas cantadas por Arthur são desabafos confusos, dramáticos e, vez ou outra, esperançosos com a possibilidade de viver um grande amor com Harley.

A voz de Gaga, inegavelmente, é um destaque do longa. A cantora, dona de um repertório premiado e reconhecido no mundo inteiro, consegue acompanhar o nível de drama que a trilha sonora pede. No entanto, diferente de “Nasce Uma Estrela”, ela não tem um grande momento para soltar a voz (se é isso que você, little monster, está esperando). Não existe nada semelhante a “Shallow Now”, apesar dos duetos poderosos e dançantes entre ela e Joaquin. Mas a cantora lançou um álbum inspirado no filme, caso você queira ouvir mais dela encarnada em Harley Quinn. 

Assim como o primeiro “Coringa”, a continuação traz um respiro em relação aos infinitos filmes de heróis e adaptações de histórias em quadrinhos. Mas não existe nada muito novo na narrativa. Em 2019, Todd nos apresentou um Arthur Fleck complexado, tentando se entender em meio a um contexto problemático e lutando para lidar com as várias questões dentro da própria cabeça. Em 2024, ele fez o mesmo. Só que dessa vez, o personagem, ao invés de matar pessoas, canta sobre seus sentimentos. Com a Lady Gaga como parceria vez ou outra.

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