Cássia Eller marcou a música brasileira com intensidade rara. Sua voz grave e potente, somada à presença de palco arrebatadora, transformou cada apresentação em um acontecimento. Entre discos, releituras e shows históricos, ela construiu uma trajetória consistente que a consagrou como uma das artistas mais autênticas, plurais e influentes de sua geração.
Nascida no Rio e criada em Brasília, Cássia começou a cantar nos anos 1980, mas foi nos 1990 que explodiu. O primeiro disco trouxe “Por Enquanto”, de Renato Russo, e já mostrava sua autenticidade. Em 1994, “Malandragem”, de Cazuza e Frejat, virou hino e consolidou sua imagem rebelde e intensa.
Se no estúdio já era gigante, ao vivo se transformava em furacão. Do Circo Voador ao Rock in Rio 2001, onde se apresentou com o filho Chicão e surpreendeu com versões de Beatles a Nirvana, Cássia mostrou que não havia fronteiras para sua arte. Sua entrega visceral e presença magnética fizeram dela uma das maiores forças de palco da música brasileira. Ela chegou arrancar elogios de Dave Grohl, do Foo Fighters, por sua versão de “Smells Like Teen Spirit”.
O ápice veio com o Acústico MTV (2001), produzido por Nando Reis e Luiz Brasil. O disco vendeu mais de um milhão de cópias, ganhou Grammy Latino e virou trilha sonora de uma geração. “Malandragem”, “Segundo Sol” e “Relicário” se tornaram clássicos definitivos. Com a turnê, Cássia rodou o Brasil e mostrou que era a mesma artista diante de dez pessoas ou de um estádio lotado, como descreveu Sarah Oliveira durante a gravação do Corona Luau MTV em homenagem à cantora em Maresias, em outubro: “Ela era muito verdadeira, era a música pela música. Se divertia, parecia uma criança, era única.”
Em 2001, a cantora também brilhou no Luau MTV, em clima intimista à beira-mar, gravado na Bahia, revelando uma faceta mais suave, mas igualmente intensa. O especial virou cult e até hoje é lembrado como um dos grandes registros deixados pela artista.
Viveu por 14 anos com Maria Eugênia Vieira Martins, com quem criou o filho, Francisco. Após sua morte, Maria Eugênia venceu uma batalha judicial inédita pela guarda de Chicão, abrindo precedente para famílias homoafetivas no Brasil. Sua postura diante da vida e da maternidade foi símbolo de resistência e representatividade. Foi nesse espírito que Cássia Eller afirmou em entrevista: “Sou mulher, sou pobre, sapatão, mãe solteira, preencho todas as lacunas. Tem de saber lidar com o preconceito.”
Eleita entre as maiores vozes da música brasileira, Cássia segue inspirando artistas como Anavitória, Pitty, Maria Gadú e Liniker. Em 2025, o Corona Luau MTV celebrou sua obra em grande estilo. O especial gravado na Praia de Maresias, em São Sebastião (SP), reuniu Nando Reis, Céu e Os Garotin, revisitando clássicos em clima de praia e frescor. Nando resumiu: “Cássia é eterna. Cada vez que canto essas músicas, sinto que ela está ali, soprando junto.”
Mais do que uma homenagem, o evento da Corona prova que o furacão Cássia Eller segue soprando forte, inspirando novas gerações e reafirmando seu lugar no panteão da música brasileira.
Especial Corona Luau MTV – Tributo a Cássia Eller
Disponível na íntegra: YouTube de Corona e da MTV Brasil e na Pluto TV


