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Sob as bençãos dos santos: Orishas faz única apresentação no Brasil em 2026

Sob as bençãos dos santos: Orishas faz única apresentação no Brasil em 2026

Yotuel Romero, porta-voz do grupo, fala com exclusividade à Billboard Brasil

Surgido em 1999 na cidade de Havana, o grupo de hip hop Orishas reúne o melhor dos dois mundos: as batidas do gênero americano com a manemolência dos ritmos cubanos. Yotuel Romero, Roldán González, Flaco Pro e Ruzzo Medina (os dois últimos não estão na nova formação) a princípio utilizaram o nome de Ameazza, ou seja, “ameaça. Mas posteriormente adotaram Orishas para celebrar as religiões de matizes africanas.
O Orishas é um dos pioneiros da cena hip hop de seu país, que conta com grupos de peso como Los Aldeanos. O sucesso do trio rendeu até um afago de Fidel Castro, que fez questão de conhecer os rappers e os presenteou com uma pick up (embora a visão de Yotuel sobre o ditador seja bastante crítica). “A Lo Cubano”, seu trabalho de estreia, é um marco do rap internacional por conta de sua mistura de diversos gêneros musicais com a tradicional música de seu país.
O grupo se dissolveu em 2010, tendo retornado cinco anos depois. A união durou pouco e os rappers se separam, com direito a processos na Justiça por conta de mau gerenciamento das finanças do quarteto.
Em 2025, contudo, Yotuel e Roldán González resolveram suas diferenças e o grupo voltou à ativa. A única apresentação em solo brasileiro marca o reencontro deles com o público e a oportunidade de mostrar o que andam trazendo de novo. “Voltamos com força total”, diz Yotuel em entrevista exclusiva à Billboard Brasil.
A seguir, mais detalhes do papo com o rapper.

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O Orishas está de volta ao Brasil depois de sete anos . Como está sendo esse momento para a banda?

Yotuel – É incrível voltar a São Paulo porque sabemos o quanto o Brasil representa para Cuba. Desde o início da banda, seu país sempre foi muito especial para nós. Mesmo quando o público não entende todas as letras, a energia que vem daqui é única. Nenhum outro lugar tem essa vibração, nem mesmo onde entendem cada palavra. Estar em São Paulo é maravilhoso. Para 2026, queremos voltar com força total. Queremos nos reconectar com o hip hop brasileiro, fazer colaborações, músicas e shows. Passar mais tempo aí.

Este ano você também se reconectou com o Roldán e com o retorno do Orishas. Como foi esse reencontro pessoal e artístico entre vocês?

Yotuel: Conheço o Roldán há mais de 30 anos. Então, se reconectar foi muito fácil. Eu liguei pra ele e disse: “Vamos fazer de novo?” E ele respondeu: “Estava esperando essa ligação há oito anos.” Decidimos deixar qualquer conversa de lado e voltar à luta, mais empolgados do que nunca. Essa nova era do Orishas é, talvez, a melhor. Temos nova banda, novos músicos, nova equipe. Precisávamos disso. Precisávamos nos livrar da energia ruim do passado e voltar com uma nova energia. Estamos famintos novamente. Paramos porque perdemos essa fome, mas agora ela voltou. Este é o momento ideal para Orishas.

Quais os planos da banda para 2026?

Estamos finalizando um álbum que ficou pendente e creio que ele será lançado em novembro de 2026. Teremos muitas participações, mais de 50 músicas. No ano que vem,  teremos esse novo álbum e mais três anos de turnê. Vamos pegar o microfone, entrar no avião e fazer o que a gente ama.

Muitos anos atrás, a banda Sepultura tocou em Cuba, e o guitarrista Andreas Kisser disse que foi uma experiência incrível. Eles deixaram até os equipamentos para as bandas cubanas usarem. Mas não temos tanto intercâmbio musical entre Cuba e Brasil. O Orishas veio ao Brasil, mas poucas bandas brasileiras vão a Cuba. O que você acha sobre esse tipo de experiência?

Cuba é um país lindo, com pessoas incríveis e um clima maravilhoso. Mas, ao mesmo tempo, vivemos sob uma ditadura que fecha as portas para os músicos. Os cubanos não podem sair livremente. Por exemplo, o Sepultura pode ir a Cuba e voltar pro Brasil. Mas se uma banda cubana de rock sair para tocar no Brasil, ela não volta. Vai fugir. Porque quer ser livre, comer bem, viver, tomar banho quente. Em Cuba, não temos isso. Por isso é tão difícil uma banda cubana ir pro Brasil. Se sair, não volta mais. O Orishas é diferente porque não vivemos mais em Cuba. Moramos na Europa. Temos liberdade de expressão, liberdade de movimento. Podemos ir a qualquer lugar sem pedir permissão ao governo. Nascemos livres. E quando você nasce livre, pode escolher para onde quer ir. Não precisa avisar ninguém. Simplesmente vai.

Uma das coisas mais marcantes do Orishas é a mistura de hip hop e rap com a música latina. Como surgiu o convite e como vocês criaram o som do Orishas?

Quando criamos nosso som, queríamos fazer hip hop cubano. Não apenas hip hop feito em Cuba, mas algo que fosse verdadeiramente cubano. Para isso, usamos samplers tradicionais de Cuba e vocais que representassem essa história. O Roldán é do interior, eu sou um rapper da cidade. Essa mistura criou o som perfeito do Orishas: 50% raízes cubanas e 50% hip hop.

E qual o significado do nome Orishas?

Acho que no Brasil vocês também têm essa cultura. Os orixás são divindades da religião iorubá, trazida pelos africanos ao Caribe. Quando eles foram levados pelos espanhóis, trouxeram suas crenças com eles. Em Cuba, isso se misturou ao catolicismo. Essa mistura molda nossa identidade. O nome Orishas representa tudo isso. Nossa raiz, a negritude, a força da nossa cultura. Quando começamos, em 2000, não existia rede social, Facebook, nada. O nome era a forma de nos conectar com os cubanos no mundo todo. Mesmo que não conhecessem o som, sabiam pelo nome que era algo deles. Era um elo entre os cubanos espalhados pelo mundo.

E na história do Orishas, qual show mais marcou você? Algum festival? Algum momento inesquecível?

Lembro quando tocamos pela segunda vez em Cuba, para um milhão e meio de pessoas. Foi impressionante. Estar no seu país, com seu povo, cantando todas as letras… Foi emocionante.

Haverá alguma canção inédita no show de São Paulo?

A prioridade é se reconectar com o público. Vamos tocar músicas que sabemos que o pessoal ama, como “Represent”,  “Cuba”, “A lo Cubano”. Queremos fazer uma grande festa. Só queremos dizer: “Estamos de volta. Estamos aqui. Venham com a família. Vamos fazer desse show uma noite inesquecível.” Esperamos por essa noite maravilhosa.

 

Orishas em São Paulo

Data: 15 de março

Abertura dos portões: 18h00

Local: Tokio Marine Hall – São Paulo (SP)

Endereço: Rua Bragança Paulista, 1281 – Várzea de Baixo, São Paulo/SP, 04727-002

Realização: Top Link Music / Tom Brasil

Ingressos: Ticketmaster 

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