Qual é o impacto do streaming na música independente?
Kamilla Fialho comenta as transformações geradas pela Era do Streaming
O streaming não mudou apenas a forma como ouvimos música. Ele mudou toda a estrutura mental de quem trabalha com ela. Durante muito tempo, o maior sonho de um artista era assinar com uma gravadora. Hoje, o grande desafio é aprender a ser a sua própria. E, de certa forma, conquistar os mesmos resultados com menos dependência.
O glamour deu lugar à estratégia. O que antes era vitrine, virou gestão. A música continua sendo arte, mas se tornou também um negócio que exige leitura de dados, planejamento e presença digital.
De acordo com a Pro-Música Brasil, o streaming já representa 87,6% da receita total da música gravada no país, ultrapassando R$ 3 bilhões em 2024. Nunca se consumiu tanta música, mas também nunca foi tão difícil se destacar. A concorrência é global, o público é exigente e o algoritmo não perdoa quem não se adapta.
Liberdade também exige gestão

O artista independente de hoje é também empresário, estrategista e marqueteiro. E isso é libertador, desde que ele entenda o peso dessa liberdade. Ser independente é bom, mas exige método. Ser livre é ótimo, mas exige planejamento.
Na K2L, vejo isso todos os dias. Os artistas que realmente crescem são os que tratam a carreira com seriedade e constroem uma base sólida. Eles sabem onde querem chegar, acompanham métricas, definem metas e entendem que cada lançamento é parte de algo maior.
A importância dos dados

Um exemplo prático disso foi o lançamento do primeiro álbum do Lucas Pretti. Por trás de cada faixa havia uma engenharia pensada em dados e comportamento do público. O trabalho envolveu planejamento de singles, aquecimento de audiência, curadoria de playlists e ativação de comunidade. O resultado foi imediato: 1 milhão de streams logo na estreia. Não foi coincidência. Foi estratégia e execução.
Um artista preparado não espera o sucesso acontecer. Ele constrói esse sucesso com base em informação e propósito.
O streaming é o começo, não o fim

No Brasil, embora o streaming lidere o mercado, é nos palcos que o dinheiro continua circulando. Dos R$ 116 bilhões movimentados pela música no país, R$ 94 bilhões vieram de shows. O streaming é essencial, mas não é o destino final. É o trampolim. Ele alimenta o negócio, mas o negócio continua sendo o artista — sua marca, sua identidade e sua capacidade de criar experiências.
A era da responsabilidade criativa

O que vejo de mais bonito nesse novo cenário é o nascimento de uma geração de artistas que assumem o próprio destino. Que criam suas oportunidades, constroem seus públicos e entendem que o sucesso não é sorte, é gestão.
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Kamilla Fialho é empresária e e uma das maiores referências do showbiz brasileiro, Kamilla é pioneira no funk e especialista em gestão artística, liderando a K2L e a Lyons Produções.







