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ARTIGO: Como o pop infantil vem dominando o YouTube com números inacreditáveis

ARTIGO: Como o pop infantil vem dominando o YouTube com números inacreditáveis

Crescimento de audiência, shows lotados e conteúdo responsável marcam cenário

O pop infantil tem ganhado espaço de forma acelerada no mercado musical brasileiro. Se antes era visto como um nicho voltado a projetos episódicos, hoje já se consolidou como um segmento relevante da indústria do entretenimento, com números que rivalizam com artistas do mainstream adulto. Bilhões de visualizações no YouTube, engajamento no TikTok e shows esgotados em grandes casas de espetáculo mostram que crianças e adolescentes não apenas consomem música em larga escala, como também impulsionam carreiras inteiras. Essa transformação acompanha mudanças no comportamento de um público que consome cultura pop de forma ativa, engajada e multiplataforma.

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Existe fórmula para o sucesso na indústria musical? Kley Tarcitano é um profissional de design de produção e produção executiva, com trabalhos destacados em projetos globais como o Super Bowl Halftime Show, Britney Spears, Grammy Awards, VMAs, Disney Channel, Disney Parks e o show de Anitta no Coachella. Integrante da equipe de Jennifer Lopez, também atua no Brasil com artistas como Luan Santana, Ivete Sangalo e Xuxa

Exemplos recentes ilustram esse movimento. Kysha e Mine, dupla que estreou há pouco mais de um ano, já acumula cerca de 1,2 bilhão de views no YouTube e mais de 130 milhões de curtidas no TikTok. A série “Lance de Escola”, parte de seu portfólio, ultrapassa 350 milhões de visualizações e alcança uma audiência total de 4 bilhões na plataforma. No mesmo cenário, a MC Divertida soma 8,6 bilhões de plays e mais de 18,3 milhões de inscritos em seu canal, consolidando-se como um dos maiores nomes entre o público pré-escolar. Esses resultados demonstram que o pop infantil deixou de ser de nicho e hoje é capaz de criar fenômenos culturais com forte presença digital e apelo presencial.

O crescimento não se limita às métricas online. Turnês de shows e espetáculos musicais têm confirmado o interesse deste público e das famílias com ingressos esgotados nas principais capitais do país. Esse movimento acompanha uma tendência de profissionalização do setor, com empresas estruturando estratégias de negócios que envolvem não apenas música, mas também merchandising, produtos licenciados e festivais temáticos. A Casa Saturno alcançou um faturamento de sete dígitos, registrando um retorno mais de dez vezes superior ao investimento inicial de porte médio, em pouco mais de 12 meses de operação, reinvestindo parte significativa desse resultado em expansão sustentável.

Produzir para o público infantil e pré-adolescente exige cuidados que vão além da estética ou do hit viral. Letras de músicas, roteiros audiovisuais, ambientação de shows e classificação etária passam por análises técnicas conduzidas por equipes multidisciplinares, que incluem psicólogos e especialistas. Esse tipo de estrutura não é universal no mercado, o que torna decisivo para quem busca credibilidade junto a pais, educadores e instituições.

Além disso, a classificação livre e os valores positivos tornaram-se critérios exigidos. Esse alinhamento aumenta a confiança do público familiar, evita controvérsias e permite que o conteúdo circule amplamente em plataformas digitais que prezam pelo compliance de direitos autorais, imagem e segurança infantil.

No panorama atual, observa-se que empresas capazes de estruturar processos sólidos de produção artística, gestão de carreira, marketing digital e expansão de marca têm maior probabilidade de gerar não só sucesso momentâneo, mas consolidar novos ídolos que resistem ao tempo. Apesar do cenário favorável, o pop infantil enfrenta desafios: a sustentabilidade no longo prazo depende de inovação constante para manter o interesse de um público que rapidamente migra para novos artistas. Há ainda a necessidade de equilibrar volume e qualidade, evitando repetir fórmulas apenas comerciais que podem saturar. O cuidado com a imagem e com conteúdos que eduquem, inspirem ou promovam valores positivos segue sendo um diferencial competitivo.

Além do entretenimento, o pop infantil também assume papel educativo e cultural. Quando produzido com responsabilidade, pode estimular habilidades cognitivas, sociais e criativas, tornando-se um aliado de escolas e famílias. Essa convergência de diversão e aprendizado reforça a legitimidade do segmento e amplia seu alcance.

Mais do que uma tendência momentânea, o pop infantil se consolida como uma das forças em ascensão na música brasileira. A soma de audiência digital massiva, espetáculos ao vivo de grande porte e expansão para produtos e licenciamentos mostra que o segmento tem relevância cultural e comercial. Artistas como Kysha e Mine, MC Divertida, entre outros, representam essa nova fase, em que o entretenimento voltado a crianças e adolescentes ganha protagonismo e abre caminho para uma etapa consistente de profissionalização do mercado.

*Tatiana Nascimento é diretora da Casa Saturno, referência em conteúdo infanto-juvenil responsável

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