Maestro da turnê de Marisa Monte transita entre o erudito e o popular
Aos 39, André Bachur, regente associado da Ocam, é um dos comandantes de Phônica

O paulistano André Bachur tinha seis anos quando se encantou com uma fita cassete trazida pelo pai – e que tinha, em seu repertório, uma variedade de estilos musicais. Mas o que mais chamou sua atenção foi uma peça que continha um emocionante solo de violino. “Falei: ‘Quero aprender isso, quero estudar isso’”, revela, em entrevista à Billboard Brasil. Por quase dois anos, ele pediu para ter aulas do instrumento. Por quase dois anos, sua família as negou, achando que essa empolgação logo findaria. Até que, cansados da insistência do rapaz, eles finalmente o matricularam numa escola de música.
A insistência, vejam só, deu certo. André Bachur, 39 anos, é o regente adjunto da Orquestra Sinfônica da USP (Ocam), combo que abraça um repertório amplo e diversificado, principalmente na música do século XX. O caminho do maestro, ora vejam, surgiu de forma natural. “Entrei no caminho da regência porque queria aprender o máximo possível” revela. “Mas sempre gostei do repertório sinfônico.”
Sua mais recente missão é liderar um grupo de 55 instrumentistas em “Phonica”, turnê de Marisa Monte, que apresenta uma incrível mistura de popular e erudito por seis capitais brasileiras. “Gosto da diversidade do repertório da Marisa”, comenta o maestro, que inclusive teve a missão de escolher os músicos de orquestra que farão parte do projeto e se misturar à banda da cantora carioca. “A gente começou a estruturar tudo, imaginar perfil dessa orquestra, né? Desde o abril eu tenho conversado com a equipe dela.”
A relação de Marisa Monte com a Orquestra de Câmara da USP se estreitou em 2024, quando ela ganhou o título de Doutora Honoris Causa da universidade e chegou a fazer uma performance com o grupo sinfônico na Cidade Universitária, durante o cerimonial de titulação. Na comemoração dos 90 anos da entidade, Marisa se apresentou com a Orquestra Sinfônica da USP, sob regência de Bachur, doze sucessos de seu repertório, que ganharam arranjos orquestrais a cargo de nomes como os compositores Débora Gurgel, Newton Carneiro, Thiago Costa e Jether Garotti Jr., entre outros.
A turnê Phonica, contudo, tem o reforço de outro nome: Ubiratan Marques, da Orquestra Afro-Sinfônica, que se junta ao time responsável pelos arranjos.
O set list de Marisa, aliás, ganhou mais de uma dezena de outras canções para a turnê. Um dos maiores desafios desses arranjadores é traduzir o repertório de Marisa Monte sem tirar a essência de sua música. Por outro lado, eles têm de fazer com que a orquestra tenha um certo protagonismo e não se limitar a ser uma peça decorativa. Pelo que foi apresentado na USP, trata-se de uma missão que tem sido cumprida com louvor.
A escolha de Bachur para o posto é mais do que acertada. Fã do estilo elegante do italiano Claudio Abbado (1933-2016) e da energia do letão Mariss Jansons (1943-2019), ele passou pela Academia da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de S. Paulo), que tem se notabilizado em revelar novos talentos da música clássica. Bachur atua tanto no campo erudito quanto no popular. É bandolinista e dos bons. No ano passado, esteve ao lado do Quarteto Timbó, que participou do Festival do Caribe, em Cuba.
As performances ao lado de Marisa Monte são, além de um encontro inesquecível, uma chance rara de trazer para o universo dos concertos uma plateia pouco acostumada ao repertório erudito. “Marisa tem muita música boa, de estilos variados” pontua o maestro. “A turnê tem tudo para ser uma experiência ótima e cada show um universo de comunicação, boa música e muitas emoções.” E tem mesmo, se levarmos em consideração a versatilidade do jovem regente.
Conheça os músicos da turnê PHONICA:
Dadi Carvalho – violão e guitarra
Pupillo – bateria
Alberto Continentino – baixo
Pedrinho da Serrinha – cavaquinho e percussão
Orquestra Sinfônica
Priscila Rato – Violino
Willian Gizzi – Violino
Paloma Pitaya – Violino
Beatriz Rodrigues – Violino
Alice Bevilacqua – Violino
Marina Xavier – Violino
Camila Picasso – Violino
Rafaela Pires – Violino
Thiago Brisolla – Violino
Daiane Namen – Violino
Marina Dias – Violino
Matheus Pereira – Violino
Ana Laura – Violino
Gabriel Curalov – Violino
Veronica Lopes – Violino
Gabriel Meca – Violino
Pedro Visockas – Viola
Kinda – Viola
Leticia Camargo – Viola
Isabella Marques – Viola
Giovanni Melo – Viola
Gui Bomfim – Viola
Raul Andueza – Violoncelo
Giovanna Lelis Airoldi – Violoncelo
Nathalia Sudário – Violoncelo
Peppi Araújo – Violoncelo
Leonardo De Salles – Violoncelo
Mayara Alencar – Violoncelo
Gustavo D’Ippolito – Contrabaixo
Leticia Felicia – Contrabaixo
João Pedro Reis – Contrabaixo
Robson Monteiro – Contrabaixo
Leandro Tigrão – Flauta 1
Letícia Maia – Flauta 2
André Massuia – Oboé
Gerson Abreu – Oboé
Lucas Ferreira Dos Santos – Clarineta 1
Kesia Pessoa – Clarinete 2
Sandra Ribeiro – Fagote 1
Samyr Imad – Fagote 2
Tamires Kamisaka – Trompa 1
Glenda Katrina – Trompa 2
Rafael Xavier – Trompa 3
Valquiria Braz – Trompa 4
Raphael Sampaio – Trompete 1
Bruno Zambonini – Trompete 2
Jaziel Gomes – Trombone
Tales Thomaz – Trombone
Yohanna Tamarozzi – Trombone baixo
Luciano Silva – Tuba
Daniel Grajew – Piano/Acordeon
Carlos dos Santos – Percussão
Guilherme Florentino – Percussão
Ana Luz – Percussão
Talita Martins – Harpa
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