Burna Boy faz mais que fumaça e homenageia Rivaldo no The Town
Nigeriano deu aula em dia de trap insosso feito por Cabelinho e Filipe Ret
“São Paulo, vocês tão prontos para uma farra?”. Foi com essa chamada que o cantor nigeriano Burna Boy fez o primeiro bom show do sábado (6) de The Town.
Precedido pelos insossos —porém hiper populares— Cabelinho e Filipe Ret, Burna tinha mais a oferecer do que um punhado de hits, gritos de águia e repetidas labaredas de fogo e fumaça.
Burna Boy faz homenagem para Rivaldo e Barcelona no The Town
O rapper subiu ao palco Skyline com uma camisa em homenagem a Rivaldo. O meio-campista foi retratado em uma pintura que relembra a temporada 98-99 na qual foi eleito o melhor jogador do mundo jogando pelo Barcelona.
O clube catalão foi um dos destaques do dia do trap no The Town, aliás. O fenômeno Travis Scott, garoto propaganda da Nike e atração principal do dia, fez o vestuário do festival ter as cores azul e grená por todo o autódromo.
Como foi o show de Burna Boy no The Town
Com banda que incluiu naipe de metal e backing vocal, o nigeriano fez valer a fama que conquistou como hitmaker ao fundir gêneros eletrônicos da diáspora africana —fusão chamada, genérica e erroneamente, de “afrobeats” pelo ocidente.
Como diz uma de suas canções, a “ousadia” de fazer música foi testada, aprovada e certificada. A mistura de rap com subgêneros como fuji e dancehall caiu como uma luva entre os fãs de trap que esperavam por Travis Scott, atração principal do palco Skyline —e que faz presença no mais recente disco do nigeriano, “No Sign Of Weakness”, cantando em “TaTaTa”.
Ganhador do Grammy em 2023 com o disco “I Told Them…”, o artista também colocou uma impressão mais acalorada na memória de quem acompanhou a cantora Tyla no Rock In Rio, em 2024. A sul-africana fez show calçado em playback e desanimou aqueles que esperavam ver uma apresentação que fosse algo além de um par de coreografias, com auge no hit “Water”.
Pelo contrário. A todo momento, por não ter repertório na boca do público do The Town, Burna Boy e banda pareciam aumentar o suadouro a cada música.
Mas, sim, teve fumaça sendo jogada pro alto (no palco e na plateia), um artista fazendo média com São Paulo, pedidos de “pula, pula!” e tudo aquilo de protocolar em uma apresentação gringa —inclusive uma pessima transposição do hit “Feel” que mais pareceu uma canção qualquer de EDM (sigla para eletronic dance music, costumeiramente destinada para artistas do estilo David Ghetta de hit).
Fora isso, na maioria das vezes, o grave vibrava forte por todo o público, fazendo do show uma boa conexão com o parceiro Travis Scott.
Por fim, fica uma lição do nigeriano que os brasileiros parecem ignorar: sucesso e dinheiro, coisa banal no trap nacional de mainstream, também poderiam significar apresentações mais pesadas, dançantes e pungentes. O que se viu no palco Skyline tinha todo o roteiro de um bom show pop —mas, diante da escassez de carisma nesse primeiro dia, acabou parecendo uma aula.








