Chappell Roan rouba a cena no festival Rock en Seine em Paris
Chappell Roan foi o destaque dos primeiros dias
Apesar de a 21ª edição do Rock en Seine, que aconteceu em Paris, entre os dias 20 e 24 de agosto, ter sofrido cancelamentos de peso de última hora — Doechii, uma das atrações mais aguardadas, e A$AP Rocky —, o festival francês mostrou por que segue entre os mais esperados da Europa. E quem acabou definindo a narrativa dos primeiros dias do festival foi Chappell Roan.
Como foi o show de Chappell Roan no Rock en Seine
Um dos nomes mais promissores da nova geração pop, a norte-americana não apenas entregou um show aguardado, mas transformou sua única apresentação em território francês em um verdadeiro manifesto de liberdade e espetáculo.
Ao chegar ao Domaine National de Saint-Cloud, já era possível sentir a energia que pairava no ar. Chapéus de cowboy, rostos pintados e muito rosa — em roupas e acessórios — compunham a paisagem de um mar de fãs ansiosos. Era a segunda vez que eu via Chappell nesta temporada de festivais de verão e, mais uma vez, a constatação foi a mesma: ela simplesmente não decepciona.
O que se viu no palco foi mais que um show – foi um mergulho em um universo próprio. Entre fada burlesca e Joana d’Arc pop, Roan surgiu cercada por um castelo gótico monumental, costurado com toques kitsch e poéticos, adornado por borboletas delicadamente aplicadas ao vestido. É inegável: a artista domina a estética como poucos atualmente – e não a trata como mero figurino, mas como extensão visceral de sua música.
Diante de uma plateia majoritariamente feminina e queer, ela conduziu um setlist intenso, que alternou entre momentos de euforia e vulnerabilidade. “Hot to Go!”, “Red Wine Supernova”, “Pink Pony Club” e “Good Luck, Babe!” incendiaram o público, que cantava cada verso, enquanto “The Subway”, seu single mais recente, trouxe um raro momento de silêncio coletivo, em que a emoção se sobrepôs à catarse. Em tentativas de falar um francês hesitante, mas carregada de carisma, Chappell reforçou sua mensagem de incentivo, que atravessa toda a obra: “Quero que vocês sejam vocês mesmos esta noite.”
Mais do que um show, foi a afirmação de um lugar. Chappell Roan não é apenas uma promessa do pop: é um ícone queer da nova geração – e, mais do que isso, ela representa o símbolo de que autenticidade, empoderamento e espetáculo podem e devem caminhar juntos.
Suki Waterhouse e seu talento multifacetado
Se Chappell foi pura combustão, Suki Waterhouse trouxe um show consistente e energético na noite, revelando um talento que transita entre moda, cinema e música — sem depender de sua vida pessoal. No palco, Suki mostrou que sua música fala por si mesma — e em alto e bom som.
Com faixas do recém-lançado “Memoir of a Sparklemuffin”, como “Gateway Drug”, “Supersad” e “Blackout Drunk”, ela conduziu o público com segurança e presença de palco. Mas foi sua cover explosiva de “Don’t Look Back in Anger”, clássico do Oasis, que ela mostrou a que veio. Não se tratava apenas de carisma, Suki mostrou também uma maturidade artística, consolidando seu espaço e reafirmando que já ocupa lugar entre os nomes mais interessantes da música contemporânea.
Kid Cudi: entre a simplicidade e a força do repertório
Os cancelamentos de Doechii e A$AP Rocky poderiam ter criado um vazio no line do festival, mas coube a Kid Cudi a missão de segurar as pontas — e, ele conseguiu. Não com espetáculo visual ou cenografia grandiosa, mas com aquilo que sempre sustentou sua carreira: suas músicas.
No palco, apenas um painel de projeções, que poderia parecer modesto à primeira vista. Mas bastaram os primeiros acordes de “Day ‘N’ Nite”, “Man on the Moon” e “Soundtrack 2 My Life” para que o público lembrasse a grandiosidade de Cudi. O rapper também apresentou canções do seu novo álbum “Free”, como “Neverland ” e “Mr. Miracle”, em um show que provou que, mesmo em um palco minimalista, ele é capaz de ocupar espaços gigantescos com seu rap.
Veja fotos do Rock en Seine
